Essa semana, estava lendo um livro sobre arte antiga, quando me deparei com a imagem acima; Corei.
Não só pela proximidade dos corpos (sim, são meninos), mas pelo drama presente na cena, ensolarada.
Corri para um livro de mitologia grega, o quadro mostra Apolo, o Deus do sol, da musica,da poesia, da lira, da masculinidade e da beleza. Em seus braços, Jacinto, um jovem mortal, eram amantes.
Bom, reza a lenda que Apolo, brincando de jogar um disco com Jacinto (jogo comum na Grécia antiga), lançou o disco longe demais, fazendo com que Jacinto tivesse que correr para o alcançar.

Foi quando Zéfiro, o vento do oeste, que também amava Jacinto, enciumado da diversão, soprou o disco em sua cabeça, provocando um ferimento mortal.
Apolo, a divindade solar, correu para o jovem ferido com a velocidade do pensamento, aplicando todas as suas artes de cura, mas a ferida estava alem da medicina.
O jovem morreu nos braços do Deus da poesia, que vertendo lagrimas, ou algo como lagrimas, pois os Deuses não choram, deixou o rapaz para sempre vivo em suas canções, transformando-o em uma flor. Roxa.
Bom, abaixo está uma poesia que escrevi após toda essa epifania, e que propõe uma nova leitura de uma velha questão moderna, com alusões à história citada.


Apelo à Apolo

Acima, Apolo, o Deus da beleza
Abaixo, Jacinto, a beleza do Deus.

Vitimas de Greco-amor ensolarado
Vitimas de esperto vento enciumado.

Tristes os amantes carnais,
Tristes os sopros e os vendavais

E pior que essa desgraça campestre
É o meu suor, é a minha mordaça terrestre.

Se um Deus teve de ver, seu amor virar jasmim
Tambem eu não posso te ter? Zeus, por que um destino assim?

E mais forte que esse sol, mais livre que esse vento
É a minha sorte, que não morde o seu anzol, que não cumpre o seu intento.

Calma meu amor, nosso guardião é Apolo;
Que vai tirar a nossa dor, que vai nos deitar no colo.

Um momento, meu Jacinto, diz a tua alma
Que vamos tomar vinho tinto, que vamos nos deitar com calma.

Respira, minha flor, nossa musica é a lira
Nosso beijo seu odor, nossa natureza minha ferida.

Não grita, nem chora,
Zéfiro nos vigia, você a minha face cora;
E vai chegar o nosso dia, como chega a nossa hora.


Gabriel Pahbst.



Eu não quero ser uma rosa

Procurada pelas suas cores, pelo seu aroma
Isso me deixou em coma.

Eu não quero ser um ator
Procurado pela sua dor, pelo seu mundo
Isso tudo me doeu fundo.

Eu não quero nem ser a mais fina das donzelas
Tão fria, tão seria
Isso me deixa na miséria.


Eu não quero que me cheirem, que me atuem, que me peçam em matrimonio
Essas são todas as faces do demónio.

Qual a graça de deixar que todos me usem?
E no final dizer: Abusem!


No fundo, eu quero me cheirar, eu quero atuar

Só não quero me casar.

Gabriel, Pahbst.


"Tenho medo de cobras.
Não das jibóias,
Que me prendem e me sufocam lentamente.
Não das jibóias, grandes o suficientes para que eu note sua presença.
Não das jibóias, que com dignidade, me permitem a chance de lutar contra seu abraço.
Não elas, que me digerem sem pressa enquanto descansam.

Mas sim das corais
E suas amigaveis cores que balançam.
E sim das corais, e dos seus rápidos venenos que me enganam.

E sim das corais, e seus malvados olhos que não não se cansam.
E sim das corais, elas sim são mortais."

Gabriel, Pahbst.


"Ele entra pela porta

Ela nota.

Ela senta-se na sala

Ele fala.

Ele abre seu coração

Ela pede perdão.

Ela grita e chora

Ele diz que vai embora.

Ele se sente bem

Ela sonhava um neném.

Ela cai da almofada

E ele sai da casa.

Ele está a sorrir e a cantar

E ela vai se matar."


Gabriel, Pahbst